Uma idéia que vem do fundo do mar

ANTÔNIO SILVEIRA RIBEIRO DOS SANTOS
Juiz de direito em São Paulo. Criador do Programa Ambiental: A Última Arca de Noé (www.aultimaarcadenoe.com.br)


 

O turismo é considerado por vários órgãos de pesquisa como um dos ramos de atividade que mais cresce no mundo, calculando-se que mais de 180 milhões de pessoas vivem direta ou indiretamente desta atividade, movimentando em todo o mundo trilhões de dólares anualmente e o ecoturismo, uma de suas modalidades, tornou-se uma das que mais vem se desenvolvendo nos últimos anos, principalmente em países chamados emergente como o Brasil, por possuírem ainda muitas áreas naturais. O ecoturismo subdivide-se em vários segmentos, mas dentre eles o turismo de observação é a modalidade onde o ecoturista vai para alguma área natural e passa a observar sua beleza, contemplando-a, ou especificamente algum ou alguns de seus elementos e um dos fatores principais que propicia o desenvolvimento do turismo de observação, sem sombra de dúvidas é o aumento da conscientização ecológica com a conseqüente preservação de áreas naturais, propiciando campo e oportunidades para este tipo de atividade.

As formas mais emergentes são a observação de aves (birdwatching ou birding), a observação de baleias e golfinhos (whale watching), a observação de paisagens e recentemente a observação subquática, onde o praticante observa a fauna marinha, extasiando-se com a grande sua grande biodiversidade.

Outra forma é o mergulho para observar os restos de naufrágios encontrados em muitos locais do globo. São navios mercantes dos primeiros séculos de nossa era que afundaram com suas mercadoria no mar Mediterrâneo. São galeões portugueses e espanhóis que entre os séculos XVI e XIX sucumbiram atacados pelos piratas do mar ou mesmo colocados a pique por grandes tempestades, chegando até os mais modernos navios que afundaram nas guerras mundiais em combate e ainda navios transatlânticos como o Titanic.

Estes navios e suas cargas e pertences são verdadeiros testemunhos de seu tempo, pois todos guardam em seus destroços pedaços da história de seu povo, época e costumes, fornecendo uma riquíssima oportunidade de observar um e conhecer um testemunho silencioso de uma época. Sem contar que são verdadeiros acervos a serem explorados por historiadores.  Os mistérios que os envolvem têm fascinado milhões de pessoas, levando-as a tentar vê-los e recuperar seus ricos tesouros. Inclusive há consórcios formados entre grandes empresas e mesmo entre países para custear tais expedições.

Aliás, já há locais onde o turismo de observação destas descobertas subaquáticas está em franco desenvolvimento, trazendo muitas divisas para a região, como acontece no Caribe, por exemplo.

O turismo de observação tem muitas vantagens, como: é uma atividade que se bem planejada produz o mínimo impacto possível; tem caráter educativo; pode ser praticado por pessoas de qualquer idade; trás renda para regiões naturais que têm pouca possibilidade de desenvolver as atividades econômicas tradicionais; emprega a massa rural dando oportunidade de desenvolvimento pessoal, criando ainda novas atividades profissionais como biólogos especializados, guias especializados e colabora com os princípios do desenvolvimento sustentável preconizado pela Agenda 21, valoriza o nosso conhecimento cultural etc.

Portanto, o emergente turismo de observação, em especial a observação subaquática, deve merecer a atenção dos órgãos encarregados do turismo, bem como da imprensa, dos empresários, biólogos, ecólogos, naturalistas, educadores etc., principalmente em regiões ricas em áreas naturais e com restos de naufrágios, pois representa uma forma de desenvolvimento turístico, sócio-econômico, cultural e ecológico muito importante e salutar.

Obs.: Artigo já publicado em: O Estado de São Paulo (caderno Viagem): 17.06.03

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