Taturanas venenosas

TATURANAS VENENOSAS

Podalia sp-Roberto Moraes

     Para todos nós que apreciamos a natureza e caminhamos por trilhas e matas, vale a pena conhecer um pouco sobre as lagartas da Ordem Lepidoptera.

     Conhecidas pelos nomes populares de “bicho cabeludo”, “pararama”, “oruga”, “ taturana cachorrinho”, e outros mais, é sem dúvida “taturana” a designação mais comum. Esta palavra de origem indígena (tatá-rana, do Tupi), significa “parecido com fogo” e demonstra bem a sensação de queimação que sentimos ao tocar numa delas.

      Nem todas são perigosas, entretanto, aquelas que tem o corpo recoberto por estruturas semelhantes a “espinhos” ou “pelos”, devem ser evitadas. O veneno desses insetos é produzido por glândulas situadas dentro dessas cerdas (nome correto dessas estruturas em forma de pelos ou espinhos).

       Normalmente, os contatos ocorrem quando apoiamos a mão em um tronco de árvore, por exemplo, para descansarmos. Também ao colher um fruto ou flores, podemos ser surpreendidos pela “queimadura” de uma lagarta. Após o contato, o acidentado sente a sensação de queimação. O local incha e fica vermelho e algumas vezes podem surgir ínguas. Depois de algum tempo, que varia de minutos a poucas horas, esses sintomas regridem sem deixar sequelas.

     Na região Neotropical, apenas um gênero de taturana é extremamente perigoso. São espécies do gênero Lonomia. O veneno de Lonomia obliqua e Lonomia achelous, causa distúrbios hemorrágicos gravíssimos em humanos, podendo evoluir ao óbito. Essas lagartas são geralmente encontradas nos troncos das árvores, em bandos de muitos exemplares e, devido a sua camuflagem, geralmente passam despercebidos aos olhos leigos, ocasião em que ocorrem os contatos.

     Lagartas de lepidópteros que causam “queimaduras”, incluindo as lonomias, são lagartas que se transformarão em mariposas (lepidópteros noturnos). Lagartas de borboletas (lepidópteros diurnos) são inofensivas. Borboletas e mariposas, são inofensivas, com exceção da mariposa de Hylesia sp (Saturniidae), que apresenta no abdome das fêmeas, cerdas irritantes que causam dermatites.

     “Dica”: caso haja contato com taturanas, lave imediatamente o local atingido com água corrente. Em seguida, faça compressas com água gelada. Esse simples procedimento aliviará a dor. No caso de contato com lonomias, este procedimento também deverá ser feito, com a diferença de que o acidentado deverá ser encaminhado o mais rápido possível para atendimento médico.

     A seguir, alguns exemplares mais comuns encontrados em qualquer região do Brasil, pertencem as famílias Magalopygidae e Saturniidae e são responsáveis pelo maior número de acidentes (fotos do autor).

 por Roberto Henrique Pinto Moraes

Pesquisador Científico. Laboratório de Coleções Zoológicas -Instituto Butantan

   roberto.moraes@butantan.gov.br

(em colaboração)

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Automeris naranja (Saturniidae) (foto abaixo)

Automeris naranja-Roberto Moraes

Dirphia ( Saturniidae)  (abaixo)

Dirphia sp-Roberto Moraes

Lonomia obliqua  (Saturniidae)  (abaixo)

Lonomia obliqua-Roberto Moraes  Lonomia obliqua-bando-Roberto Moraes

Megalopyge albicolis  (Megalopygidae)  (abaixo)

Megalopyge albicolis-Roberto Moraes

Megalopyge lanata (Megalopygidae) (abaixo)

Megalopyge lanata-Roberto Moraes

Podalia sp.  (Megalopygidae) (abaixo)

Podalia sp-Roberto Moraes

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Antonio Silveira: 24/8/2016

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