Floresta Atlântica (ecossistemas do Brasil)

Definição:

O conjunto vegetal que compõe a Mata Atlântica é muito complexo, principalmente onde predomina a floresta pluvial tropical de encosta, conhecida como Mata Atlântica propriamente dito. Situa-se na região costeira do Brasil indo do Rio Grande do Norte até Santa Catarina na fronteira com o Rio Grande do Sul.

A mata atlântica constitui-se das seguintes formações:

  • Floresta Ombrófila Densa ( Mata Atlântica ou Mata de Encosta) localizada nas encostas da Serra do Mar e em várias ilhas da costa de São Paulo, rio de Janeiro e Paraná principalmente;
  • Floresta Estacional Semidecidual ( Mata de Interior) no Planalto Brasileiro e margens do rio Paraná;
  • Floresta Ombrófila Mista (Mata de Araucária) sobressaem as araucárias (Araucaria angustifolia) ocorrendo no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e em pontos isolados do Estado de São Paulo.

As árvores geralmente chegam a 20 ou 30 metros de altura e como têm uma distribuição escalonada não formam um dossel contínuo, como normalmente acontece na Floresta Amazônica.

No estrato arbustivo predominam as Myrtaceae e Rubiaceae. As lianas são variadas e ricas, há ainda muitas herbáceas e epífitas. No interior da floresta é comum depararmos com várias espécies de Helicônia.

O fator altitudinal é preponderante na caracterização das formações florestais que compões a Mata Atlântica. Assim há as matas de planície, matas de altitude, matas de encostas, matas de tabuleiro e os brejos.
A Mata Atlântica é formada também por vários ecossistemas menores associados como as restingas, os mangues e o jundu, por exemplo.

Nas encostas úmidas serranas a floresta é exuberante, pois a umidade advinda do paredão rochoso que segura os ventos e a umidade do mar, favorece não raro uma beleza cênica impressionante com vegetação coberta pela neblina, o que originou o nome de florestas nebulares (rainforest) que tem encantado o mundo.

Acima dos limites da matas, encontram-se na região Sudeste, uma constituição florística impar, são os campos de altitude de constituição basicamente herbácea, com alguns arbustos. Em vista da altitude os ventos sopram levando muita chuva. As plantas que vivem nestes locais inóspitos tem características especiais pois são submetidas a condições adversas extremas. Há um grande número de endemismos nos campos de altitude.
Em vista de sua beleza e da riqueza de sua fauna e flora a Mata Atlântica foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

Biodiversidade
A região florestada da Mata Atlântica é um dos lugares de maior biodiversidade do mundo. Inclusive é considerado um dos hotspots de biodiversidade classificado pela Conservation International (CI).

Flora:
A flora da Mata Atlântica é muito diversificada contando com cerca de 20 mil espécies de plantas, das quais 8 mil são endêmicas.
Desta riquíssima vegetação constituída de espécies arbóreas, arbustivas, de lianas, de epífitas e herbáceas, podemos citar a/o: Angelim (Andira frachinifolia); Araticuns (Annona cacans); Araucária (Araucaria angustifolia); Bacupari (Rheedia gardneriana); Barba-de-velho (Tillandsia usneoides); Bico-de-pato (Machaerium nictitans); Brejaúna (Asstrocaryum aculeatissimun); Cabreúva (Myrocarpus frondosus); Camboatã (Guarea macrophylla); Cambucá (Marlierea edulis); Cambuci (Paivaea langsdorffii); Cana-de-macaco (Costus spiralis); Canela-fedorenta (Nectandra megapotamica); Canjerana (Cabralea canjerana); Canela (Persea alba); Caroba-da-mata (Jacarandá semiserrata); Carobão (Jacarandá heptaphyla); Carobinha (Jacaranda puberula); Carrapateira (Metrodorea nigra); Casca-de-anta (Drynis brasiliensis); Caxeta (Tabebuia cassinoides); Embaúbas (Cecropia glazioui); Gerivá (Syagrus romanzoffiana); Grumixama (Eugenia brasiliensis); Guabiroba (Campomanesia xanthocarpa); Guarandi (Calophyllum brasiliensis); Guapuruvú (Schizolobium parahyba); Guatambús (Aspidosperma parvifolium); Figueira-do-mato (Gaylussaca brasiliensis); Helicônias (Heliconia
velloziana); Imbuia (Ocotea porosa); Indaiá (Attalea dubia); Ingá (Ingá sessilis); Ipês-amarelos (Tabebuia umbellata); Ipê-da-serra ou ipê-branco (Tabebuia alba); Ipê-roxo (Tabebuia avellanedae); Ipê-do-brejo (Tabebuia umbrellata); Jaboticabeira (Myrciaria truncifolia); Jacarandá-da-Bahia (Dalbergia nigra); Jatoba (Hymenaea courbaril); Jequitibá (Lecythis lanceolata); Jerivá (Syagrus romansoffianum); Manacá da serra ou quaresmeira (Tibouchina pulchra); Manacá (Brunfelsia brasiliensis); Murici (Bysonima sericea); Noz-moscada-do Brasil (Cryptocaria moschata); Olho-de-cabra (Osmosia arbórea); Palmito-doce (Euterpes edulis); Pau-Brasil (Caesalpinia echinata); Peroba-amarela (Paretecoma peroba); Samambaiuçu (Cyathea schanschin); Quaresmeira (Tibouchina granulosa); Sapopemba (Sloanea monosperma); Sucupira (Bowdichia virgilioides); Sapucaia (Lecythis pisonis); Suinãs (Erythrina verna); Tucum (Bactris setosa);Virola (Virola oleifera) e Bromélias como Quesnelia humilis; Vriesia altodaserrae; Vriesia ensiformes.

Fauna: A fauna também é riquíssima. Entre aves, mamíferos, répteis e anfíbios a Mata Atlântica cerca de 1700 espécies, das quais 567 são endêmicas. Das 202 espécies brasileiras de animais ameaçados de extinção, 171 são da Mata Atlântica. Entre os mamíferos encontam-se: a Onça (Panthera onca); a Suçuarana (Felis concolor); Jaguarundi (Felis yagouaroundi); a Jaguatirica (Felis pardalis); o Guaxinim (Procyon cancrivorus); o Cachorro-do-mato (Cerdocyon thous); a Capivara (Hydrochaeris hidrochaeris); a Cotia (Dayprocta azarae); o Bugio (Alouatta fusca); o Muriqui (Brachyteles arachnoides); a Anta (Tapirus terrestris); os Micos-leão (Leontopithecus) etc.

Quanto as aves, a Mata Atlântica possui cerca de 1000 espécies, variando de lugar para lugar, mas quase sempre em números superiores a 200 espécies.

Entre as centenas de aves, podemos citar pela sua raridade: o Macuco (Tinamus solitarius), a Jacutinga (Penelope jacutinga), o Mutum do nordeste (Mitu mitu), o Papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensi), a Araponga (Procnias nudicollis), o Sabiá-pimenta (Carponis melanocephalus), a Saíra-de-costa-preta (Tangara-peruviana); o Pixoxó (Sporophila frontalis) etc.
Há ainda muitas espécies de anfíbios anuros (sapos, rãs e pererecas) e répteis, além de insetos e peixes.

Legislação

– Art.225,§4º, Constituição Federal: considera a Floresta Atlântica (Mata Atlântica) como patrimônio nacional.
– Decreto 750/93, dispões sobre o corte, a exploração e a supressão de vegetação primário ou nos estágios avançado e médio
de regeneração da Mata Atlântica, e da outras providências;

Ameaças à Mata Atlântica
Dentre as inúmeras ameaças que pairam sobre a Mata Atlântica, podemos citar:

  • a explosão demográfica na sua região;
  • a exploração predatória da madeira;
  • a extração ilegal do palmito (Euterpes edulis);
  • a especulação imobiliária;
  • a falta de políticas públicas ambientais concretas;
  • a falta de fiscalização nas unidades de conservação, principalmente;
  • a falta de conscientização ambiental da população;

Uso múltiplo das florestas
Qual é a importância ambiental das florestas? Quais são suas utilidades e formas de uso? É ainda o que se pode questionar sobre a temática e o tentaremos discorrer.
Em termos biológicos e ambientais é sabido que as florestas propiciam principalmente a manutenção das condições de vida para milhões de formas de vida vegetal e animal; mantém a umidade necessária para a existência de um clima propício à vida e mantém a qualidade dos recursos hídricos. O que as tornam importantíssimas no sistema global ambiental e conseqüentemente beneficiam o ambiente humano.
Porém, até pouco tempo as florestas eram consideradas “empecilhos ao desenvolvimento”, tanto que eram derrubadas sem nenhum critério e não havia ambiente propício para vozes contrarias. Agora, ante estas recentes constatações de suas funções biológicas e ambientais, acrescidas da necessidade da enorme demanda alimentar, tornou-se imprescindível a sua exploração econômica, o que vem propiciando uma crescente resistência à sua derrubada. A floresta em pé passou a representar mais riqueza do que derrubada para implantação de outra atividade qualquer. Assim, pela sua importância e diversidade de riqueza, acrescidas ao desenvolvimento tecnológico que permitiu o descobrimento de novas fontes naturais, as florestas podem e devem ser aproveitadas. Aliás, este é o entendimento predominante nos meios científico-ambientais.
Ademais, a exploração dos recursos florestais têm-se mostrados surpreendentes a cada momento e poderá ser incrementada. Da exploração de sua enorme diversidade vegetal tem sido possível desenvolver projetos locais de desenvolvimento, fixando e dando oportunidades às suas comunidades carentes. De sua biodiversidade tem saído descobertas farmacológicas imprescindíveis à humanidade. De sua população nativa temos obtido informações diretamente relacionadas à estas novas descobertas. Dos seus recursos pesqueiros depende a sobrevivência de milhões de pessoas. Podemos observar ainda que da utilização racional e sustentada da beleza cênica de muitos de seus recantos estará o futuro do ecoturismo mundial, empregando milhões de pessoas com geração de uma rica economia. O que mostra o uso múltiplo que podem e devem ter.
Porém, se não preservarmos também intocáveis grandes extensões de nossas florestas, como unidades de conservação, tornar-se-á impossível mantermos esse nosso riquíssimo patrimônio para as gerações vindouras e o futuro das florestas estará totalmente comprometido.

Informações
– Na Região Neotropical que compreende o continente americano estão 57% das florestas tropicais e equatorias do planeta, calculando-se que 37% dos répteis, 47% do anfíbios, 27% dos mamíferos, 43% dos pássaros e 34% de todas as plantas ocorrem nesta região (Projeto Parques e Reservas, do Ministério do Meio Ambiente dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal para o PP-G7. vol.1).
– Em seu mapa da biodiversidade mundial, a Conservation Internacional(IC) aponta o Brasil como o país de maior biodiversidade do planeta.
– O maior primata das Américas, o Mono-carvoeiro (Brachyteles aracnoides; Muriki) vive exclusivamente na Mata Atlântica.

Por Antonio Silveira

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Antonio Silveira:última atualização (lasts updates):15-3-2014. 15-10-2016.

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