Eu e meu parque
Dia de sol caminho no parque
Gente pra cá com pressa nos pés
gente pra lá com calma nos pés
A gorda passa faceira como quem diz
sou gorda feliz
A magrela se acha e apesar da aparente fraqueza
segue caminho
O pançudo tenta melhor silhueta andando depressa
Balançando bem suas tetas
Aquele ali com seu cão brutamontes
Precisa da ajuda canina para sentir importância
Já a “madona” plastificada exibe a nova face
Para elogios receber. De quem eu não sei
Desviando da gente passa com pressa aplumado ciclista
Não sei porque tudo tão certinho
Como uma fortaleza o fortão exibe-se todo
mostrando no íntimo fraqueza
O magrinho corredor vai se desviando de todos
sonhando com a breve e importante competição
Cuidando da criança vejo uma brejeira babá
que na sua simplicidade é mais bonita que sua reformada patroa
Passam pequenos grupos de tagarelos velhos e velhas
Interessados nas fofocas do dia não sentem o parque
O fone de ouvido leva pra longe dali
a mocinha bonita e insegura
A moça dos patins exibe rechonchudo traseiro
Arrancando olhares dos “velhos meninos”
Satisfaz assim seu ego provocativo e erótico
O vendedor do carrinho brilha os olhos ao comprador sedento
mostrando falso carinho
Um pobre sabiá tenta se impor entoando seu canto
logo abafado pelas pessoas e o ronco dos carros ao longe
A cidade parece distante mas logo é lembrada
Correndo passa um ladrão com celular roubado na mão
De “freguês” que sonhava acordado sentado na praça do parque
Assim, as horas passam nesta manhã de calor
E como andarilho urbano sinto no íntimo
eu e meu parque. (21-8-2015)
Antonio Silveira R. dos Santos
Programa Ambiental: A Última Arca de Noé