AS EMPRESAS E A ERA DA INFORMAÇÃO
ANTÔNIO SILVEIRA RIBEIRO DOS SANTOS
Juiz de direito em São Paulo. Criador do Programa Ambiental: A Última Arca de Noé (www.aultimaarcadenoe.com.br)
Entre as tecnologias modernas e ditas “de ponta” encontra-se a informática com seus possantes hardwares e softwares, os quais formam um conjunto harmônico, inter-relacionado e avançadíssimo que tem propiciado conquistas inimagináveis na comunicação. A informática e conseqüentemente a rede de computadores, conhecida como Internet, são sem sombra de dúvida as molas propulsoras de outro fenômeno recente, a globalização.
Sem os meios modernos de comunicação, a globalização como ocorre hoje não seria possível, pois a facilidade e rapidez proporcionadas pela Internet fomentam o intercâmbio cultural e econômico entre os povos. Negócios são feitos com muito mais assiduidade. Empresas podem ter seus parques industriais distantes de seus escritórios administrativos, muitas vezes em países diversos. Basta ver que muitos produtos de empresas do primeiro mundo são feitos em países do terceiro, onde a mão de obra é mais barata, o que possibilita menos custo na produção, melhorando suas chances de sucesso no mundo aguerrido da concorrência. Quem ganha também com isso é o consumidor que tem preços mais acessíveis e produtos melhores.
Assim, com o advento da Internet, que representa o máximo em tecnologia de comunicação, estamos entrando em uma nova era, a era da informação, que está trazendo novas perspectivas sócio-econômicas e novas formas de relacionamento entre culturas diferentes.
A Internet começa a mudar também as relações no trabalho, tornando as relações formais então existentes em informais, descontraídas, praticamente sem hierarquia, pois o novo empregado passa a ser um detentor da informação que coloca a disposição do empregador. Os vínculos passam a ser muito mais de participação e colaboração do que de subordinação. Os antigos, tradicionais e acomodados empregados que tinham o emprego como definitivo e estavam estagnados e passivos, muitos apenas esperando a aposentadoria, têm agora que passar por um processo de reciclagem tecnológica, adaptando-se às novas exigências do emergente mercado virtual, sob pena de ficar à margem do desenvolvimento. Agora, cada um terá que investir em si mesmo, em sua capacidade de adaptação e na obtenção de informações para acompanhar os novos tempos.
Já as empresas forçadas pelo dinamismo do crescente mercado virtual necessitam exigir mais responsabilidade e produção de seus empregados ou de suas contratadas. Passaram a aplicar menos em patrimônio concreto e tradicional, apostando a maior parte de seu potencial econômico no aprimoramento da informação tecnológica, na formação de seus funcionários – agora em menor número, e na obtenção de mão de obra especializada de terceiros. Em contrapartida ao enxugamento do quadro de funcionários, surgem milhões de pequenas e médias empresas que gravitam em torno das grandes, vendendo-lhes prestação de serviço qualificado. Estas também devem estar afinadas às tendências da nova forma de relação de trabalho.
Na própria relação comercial entre empresas passa a existir uma nova forma de seleção, dando-se preferência a comercialização com aquelas que estão mais condizentes com os novos parâmetros tecnológicos.
É importante observar ainda que o comércio crescente na Internet – o “e-commerce”, está envolvendo cada vez mais empresas, empreendimentos e negócios. São indústrias, depósitos e empresas entregadoras as prestadoras de serviço de informática, bancos, seguros e dezenas de outras modalidade que giram em sua volta. Assim, a empresa que quiser entrar neste novo sistema deverá estar preparada para a dinâmica e agilidade que se exige. Neste novo processo com certeza sucumbirão aquelas que não se atualizarem.
Quanto ao setor industrial mais especificamente, além das empresas terem que se adaptar a esta nova forma de proceder, deverão ainda desenvolver projetos e programas mais limpos para atender a exigência do consumidor cada vez mais consciente dos problemas ambientais relativos ao custo ecológico do desenvolvimento. Para isto, devem estar atentas ao dinamismo das informações, pois só no Brasil são mais de 6 milhões de “internautas” e no mundo mais de 200 milhões, com projeção para quase 400 milhões até o final de 2.000, o que representa um grande número de pessoas que estão cada vez mais informadas e naturalmente mais exigentes. Além disso, devem estar atentas ao fato de que os investidores estão direcionando sua força econômica para as empresas ditas virtuais ligadas direta ou indiretamente à Internet, criando assim novas formas de trabalho que tem atraído empregados das empresas e indústrias ditas tradicionais. Com isso, estas últimas correm o perigo de perder os melhores funcionários, a não ser que venham a aderir a nova tendência da relação trabalhista citada, motivando seu funcionário a continuar a prestar lhes serviços.
Para se constatar o crescimento e importância deste novo processo e conseqüentemente nova economia, basta ver os recentes recordes nos índices Nasdaq (EUA) – a bolsa que concentra ações de empresas de alta tecnologia e da Internet.
Portanto, a era da informática e conseqüentemente da informação já começou e está em franco fortalecimento ante suas inovadoras e eficazes estruturas. Só não percebe quem não está atento ou não se preocupa com o que acontece no mundo, o que o torna predestinado ao fracasso, tanto nas relações sociais quanto trabalhistas Em se tratando especificamente de empresas, cada minuto perdido em iniciar seu processo de adaptação aos novos tempos representa perdas econômicas irrecuperáveis.