A PRECÁRIA SAÚDE AMBIENTAL DO PLANETA

ANTÔNIO SILVEIRA RIBEIRO DOS SANTOS
Juiz de direito em São Paulo. Criador do Programa Ambiental: A Última Arca de Noé (www.aultimaarcadenoe.com)


Nestes tempos em que só se fala em degradação e poluição das mais variadas formas é importante uma reflexão sobre a saúde ambiental de nosso planeta. Como está a degradação de nosso tão sacrificado meio ambiente? Como as indústrias devem agir? O que nos espera no futuro? Vejamos.

Praticamente todos os dias a mídia em geral trás notícias alarmantes que envolvem questões ambientais, como fome, poluição, desastres ecológicos, doenças ambientais, destruição de florestas e aí por diante. Têm-se constatado, por exemplo que escassez dos recursos hídricos tem se tornado um dos mais graves problemas, pois a falta de água já atinge cerca de 40% da população mundial, faltando este recurso permanentemente em 22 países. Aliás, o racionamento de água já vem se tornando necessário em grandes cidades, como acontece atualmente em São Paulo. Como sabemos, o crescimento demográfico, a expansão econômica com os impactos que produz através principalmente das indústrias, o aumento das fronteiras agrícolas, o uso irregular de agrotóxicos, a ocupação irregular do solo, tratamento sanitário irregular do lixo e a falta de conscientização do problema estão entre as causas principais da degradação crescente dos recursos hídricos. Por sua vez, a falta de água tem trazido problemas para o abastecimento aos reservatórios das hidrelétricas, dificultando a produção de energia elétrica, com as conseqüências que estamos percebendo “claramente”nestes dias.

Quanto às florestas noticia-se que sua devastação chega a números alarmantes, calculando-se que cerca de 16 milhões de hectares de florestas tropicais são derrubados e queimados anualmente em todo o mundo. Isto contribui para o aquecimento global, já que a decomposição libera dióxido de carbono, metano e óxido de nitrogênio. Além disso, a morte de milhares de animais e plantas e a perda da biodiversidade representam um imensurável prejuízo ecológico e econômico. A qualidade atmosférica também vem sendo comprometida pelos gases emanados principalmente das indústrias e automóveis, chegando em certas cidades como em Santiago do Chile, Cidade do México, São Paulo e Milão a atingir graus alarmantes, comprometendo a saúde dos sus habitantes, inclusive com óbitos relacionados direta ou indiretamente à poluição do ar. A desertificação é outro problema grave que vem se acentuando nas últimas décadas. Segundo a ONU este processo vem colocando fora de produção cerca de 60.000 Km2 de terras férteis por ano, com perdas econômicas mundiais de 10 bilhões de dólares por ano. No Brasil a mancha de desertificação já se estende pelo Piauí, Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Alagoas, Pernambuco, Sergipe e Bahia, calculando-se em 181.000 km2 com prejuízos de 100 milhões de dólares anuais (Plano Nacional de Combate à Desertificação. Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal). A pobreza também vem se alastrando por todo o globo. São mais de 1,2 bilhão de pessoas vivendo em condições de absoluta pobreza, mais de 1 bilhão são analfabetas, mais de 1,2 bilhão não têm acesso a água potável e milhões de crianças morrem anualmente por problemas de desidratação ou outros relacionados a falta de saneamento. Além disso, são mais de 2 bilhões de pessoas sem acesso à tecnologia, desde a mais complexa à mais simples.

Tudo isso dificulta a implantação de políticas ambientais preservacionistas concretas, já que a luta pela sobrevivência é um óbice a preservar a flora e fauna por se traduzirem em potenciais alimentos. Porém, no processo de preservação do meio ambiente, as indústrias têm papel fundamental e determinante. Como já tivemos a oportunidade de escrever anteriormente (Santos, Antonio Silveira R..Emergente administração ambiental. Rev. Meio Ambiente Industrial, jul/ago 98), exige-se atualmente do administrador moderno uma nova visão de trabalho, chamada administração ambiental. Dentro desta nova visão as empresas devem tentar: minimizar o impacto dos resíduos da produção no ambiente; reciclar e reutilizar produtos, bem como elaborar sua contabilidade ambiental colocando no ativo o imobilizado referente aos equipamentos adquiridos visando à eliminação ou redução de agentes poluidores com vida útil de um ano; os gastos com pesquisas e desenvolvimento de tecnologias a médio e longo prazos; os estoques relacionados com o processo de eliminação dos níveis de poluição; creches, empregos gerados, áreas verdes etc. e no passivo toda agressão que se pratica ou praticou contra o Meio Ambiente; o valor dos investimentos para reabilitá-lo; as multas; indenização; gastos com projetos e licenças ambientais; restrições a empréstimos, entre outros, conforme normas da Ibracon- Instituto Brasileiro de Contabilidade (NP 11). As empresas deverão também executar programas internos de educação ambiental visando conscientizar seus empregados das novas diretrizes, sem o que dificilmente conseguirá obter sucesso neste empreendimento

Ante estes dados, não é difícil concluir que a saúde ambiental do planeta Terra está cada vez mais comprometida e caminhando para uma situação que poderá se tornar irreversível, se não tomarmos medidas concretas desenvolvendo políticas ambientais amplas, contundentes e eficazes, com a colaboração de todos, notadamente das indústrias pela sua importância no contexto do desenvolvimento.

Obs.: Artigo já publicado em: JBA.Gr.Jornal.Ronaldo Côrtes-SP – 8.6.01 etc.

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