Beija-flores: história natural
1. Distribuição e características
Pertencentes à família Trochilidae, os beija-flores são aves que existem apenas no continente americano, distribuindo-se do Alaska à Terra do Fogo na Argentina.
Os beija-flores ou colibris representam talvez a família de aves que mais atrai a curiosidade das pessoas. Não é para menos, pois seu tamanho diminuto, agilidade e beleza são características que os diferenciam no mundo alado.
Ao todo são conhecidas 323 espécies segundo Richard Howard e Alick Moore (A complete checklist of de birds of the world, Academic Press. 1991). No Brasil temos 83 espécies, segundo o CBRO – Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (8ª Edição – 09.08.2009).
Os beija-flores vivem nos mais variados lugares e ecossistemas como florestas, desertos, cerrados e mesmo próximo ao gelo. Mas é na região tropical que ocorrem mais espécies.
Na maioria da espécies há dimorfísmo sexual, isto é diferenças aparentes entre macho e fêmea. O macho tem cores vivas e reluzentes enquanto a fêmea tem cores mais opacas e unifomemente distribuídas.
Caracterizam-se por possuir um bico alongado, extremamente adaptado para sugar o néctar das flores. Seus pés são pequenos, o que os impede de pousar no chão ou “andar”. Aliás, por isso pousam em ramos muito finos.
Sua batida cardíaca é muito rápida, assim como suas asas, o que lhes consome muita energia, daí porque têm que estar a todo momento alimentando-se. O que por sua vez exige muita energia, já que tem que ficar pairado no ar. Na verdade é um círculo interligado alimentação/dispêndio de energia/alimentação. Ao dormir entra em estado de torpor quando seu ritmo cardíaco cai muito.
São aves extremamente ágeis, rápidas e belicosas que não se intimidam com inimigos maiores como gaviões, os quais atacam como balas deixando-os aturdidos e temerosos. Aliás, é muito comum vermos estas pequenas aves perseguindo no ar as aves de rapina, para afastá-las das proximidades de seu ninho.
Também não é difícil vê-los “tomando banho” em algum riacho na mata. Pairam a alguns centímetros do espelho d’água e dão rápidos “mergulhos superficiais”, molhando rapidamente as penas. Após, dois ou três destes mergulhos param em um galho próximo e arrumam cuidadosamente as penas.
2. Nidificação
A construção do ninho é trabalho a ser executado pela fêmea, que sozinha fica incumbida da tarefa, assim como da incubação dos ovos, os quais são normalmente em número de dois. Também é ela sozinha que trata da difícil tarefa que é alimentar os filhotes. A incubação dura de 16 a 17 dias e os filhotes permanecem no ninho de 20 a 30 dias.
Os ninhos são feitos de paina, reforçados com fios de seda produzido por aranhas e cobertos de liquens para confundi-los com o ambiente, o que os tornam mestres nesta arte.
Normalmente os beija –flores fazem seus ninhos a pouca altura, sendo comum encontrá-los a um metro do solo, as vezes até menos, como o ninho de um Chlorostilbon aureoventris, (Glittering-bellied Emerald, verdinho-de-bico-vermelho) que encontramos em matas do município de Itapecerica de Serra (próximo à da cidade de São Paulo), que estava a 60 cm do solo
Encontrar um ninho de beija-flor em seu habitat natural é dificílimo. Em uma floresta é quase impossível, a não ser que a pessoa seja um especialista e tenha muita sorte. Mas, surpreendentemente podemos encontra ninhos de algumas espécies nas habitações humanas, aí a sua observação torna-se fácil.
Dependendo do gênero e da espécie o ninho é feito:
– em forma de uma tigela sólida, colocada em um galho horizontal, ou sobre uma folha como de uma helicônia;
– em forma de tigela alongada fixada em uma raiz embaixo de um barranco;
– em forma alongada dependurada na parte inferior de uma folha larga como de bananeira;
3. Alimentação
Em que pese alimentarem-se algumas vezes de pequenos insetos, sua dieta principal é constituída pelo néctar das flores. Atraídos principalmente pelas flores vermelhas, são eles grandes polinizadores e portanto responsáveis pela reprodução de muitas espécies de plantas.
Para observarmos beija-flores nas florestas, basta termos um pouco de paciência e esperar próximo a uma flor de bromélia, por exemplo, que logo aparecerá algum para sorver seu néctar.
Já nos parques e jardins das cidades pode-se tornar mais fácil a observação, pois eles estão adaptados às plantas chamadas exóticas, isto é aquelas originárias de outros países como a suinã (Erythrina speciosa), a esponjinha (Calliandra spp) e o malvavisco (Malvaviscus arboreus). Muitas espécies gostam também de se alimentar nas flores dos eucalíptos (Eucalyptus spp), ingás (Inga spp) e da laranjeiras (Citru spp).
Hábeis acrobatas, são quase imperceptíveis quando passam “zunindo” próximo de nós, tão grande é sua velocidade. Suas azas tornam-se praticamente invisíveis quando pairam no ar.
Aliás, são as únicas aves que voam para trás. Reparem quando estão se alimentando nas flores.
Portanto, em vista de todas estas características podemos considerar os beija-flores verdadeiras jóias da natureza. (por Antonio Silveira)
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Antonio Silveira: última atualização: 15-6-2014.