OS RARÍSSIMOS MICOS-LEÕES (primatas)
Considerações gerais
Os Micos-leões estão entres o animais que mais atraem a atenção das pessoas nos zoológicos e os próprios zoólogos, pois além da raridade na natureza e de distribuição restrita são muito bonitos, combinando cores como negro, vermelho e dourado.
São animais do gênero Leontopithecus, que juntamente como os gêneros Callithrix,Cebuella e Saguinus pertencem a família Callitrichidae. Os integrantes desta família são os menores primatas antropóides do mundo, já que variam de 100 g em Cebuella e 700 g nos Leontopithecus.
Existem quatro espécies descritas de Mico-leões, ocorrendo apenas no Brasil, com a seguinte distribuição (Auricchio,1995):
Leontopithecus rosalia; Mico-leão-dourado; Golden lion tamarin
Restrito ao sul do Rio de Janeiro, mais exatamente nas matas de Silva Jardim e Casimiro de Abreu, na Reserva Biológica de Poço-das-Antas e morros na Cácia do Rio São João.
Leontopithecus chrysomelas; Mico-leão-de-cara-dourada;Golden-headed Lion Tamarin
Distribui-se pelo sul da Bahia, entre os Rios Belmonte e Pardo ao sul e Rio de Contas ao norte.
Leontopithecus chrysopygus; Mico-leão-preto;Golden-rumped Lion Tamarin
Encontrado ao norte do Rio Paranapanema, leste do Rio Paraná, sul do Rio Tietê e ao oeste da Serra de Paranapiacaba. Atualmente sua distribuição é restrita à Reserva Estadual de Morro Grande em Teodoro Sampaio, Reserva Biológica de Caeteteus em Gáliato, das no Estado de São Paulo. Recentemente foi constatado para a Estação Ecológica de Angatuba (Santos,2001)
Leontopithecus caissara; Mico-leão-de-cara-preta;Black faced Lion Tamarin
Existe apenas na Ilha de Superagui, litoral norte do estado do Paraná.
Os Mico-leões são espécies arborícolas, vivendo nas florestas do Sudeste brasileiro, mais exatamente do sul da Bahia ao norte do Paraná. E no norte da Ilha de Superaguí, no Paraná, e ao oeste do rio Paraná, onde perambulam pelas árvores do remanescente de matas primárias e nas matas secundárias atrás de frutas e insetos, dos quais se alimentam.
São animais diurnos que dormem em ocos de árvores, daí porque necessitam de florestas onde tenham árvores de médio ou grande porte para usarem seus buracos como abrigo.
Formam grupos de 2 a 8 indivíduos, sendo 4 ou 6 em média (Auricchio,1995), e a gestação é de 126 a 134 dias.
Estes animais estão entre os primatas mais ameaçados do mundo, ante a sua restrita distribuição e a devastação de seu habitat, estando classificados como ameaçados pela IUNC, constando na lista da CITES (Walker’s,1991).
As grandes ameaças são: desmatamento crescente para plantações e pastos; dificuldade de adaptação dos Micos-leões a outros ambientes; comércio ilegal local; coleta par coleções particulares; população reduzida das espécies; caça e invasões das áreas de ocorrência (Fonseca et al.,1994).
Tem-se obtido bons resultados de reprodução em cativeiro principalmente do Mico-leão-dourado e do Mico-leão-preto, mas mesmo assim todas as espécies de micos-leões estão ameaçadas como dito, necessitando-se urgentemente de implementação dos projetos de preservação existentes, assim como instituição de novos programas e projetos neste sentido, sob pena de perdermos em poucas décadas estes formidáveis e lindos primatas. por Antonio Silveira
————————
Constatado o raríssimo Mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus) em mais uma Unidade de Conservação paulista.
Em expedição realizada em 07 de abril de 2001, organizada pelo Programa Ambiental: A Última Arca de Noé, foi constatada na Estação Ecológica de Angatuba (S 23º 25’ 26”; W48º 21’29”), no Estado de São Paulo, uma das unidades de conservação administradas pelo Instituto Florestal paulista, a presença de um bando do raríssimo e ameaçado Mico-leão-preto ou Sauim-preto (Leontopithecus chrysopygus), conhecido em inglês por “black lion tamarim”.
Com base nas informações de Miguel Donizetti Morgado, funcionário da citada estação ecológica, de que havia na área “uns micos pretos”, os pesquisadores do Instituto Florestal, Alcebíades Custódio Filho e Antonio Cecílio Dias, este último responsável pela área, suspeitaram tratar-se do L. chrysopygus.
Assim, foi proposta a Antônio Silveira R. dos Santos, criador do citado programa ambiental, estudioso da história natural e colaborador em levantamentos da avifauna em várias unidades de conservação de São Paulo, a organização e realização de uma expedição ao local com a finalidade de localizar e documentar a sua ocorrência.
Por volta das 11:00 horas da manhã, após horas de caminhada pela mata da estação ecológica (Floresta Mesófila Semi-decídua em estádio secundário), foi visto um grupo composto de cinco Micos-leões-pretos. Os animais, muito ariscos, foram observados a olho nu e com binóculo a uma distância de cerca de 20 metros. Um indivíduo retardatário cruzou a trilha a três metros de distância dos observadores. Não houve tempo e condições de documentação por fotografia ou filmagem, mas os animais foram vistos muito bem a ponto de se notar detalhes como o castanho-amarelado-vivo nas regiões lombar, femural interna e externa e início da cauda, contrastando com a pelagem negra restante, não havendo dúvidas de se tratar da referida espécie. (vide ao lado foto da espécie em cativeiro)
Segundo consta na literatura, o Mico-leão-preto está entre os animais seriamente ameaçados de extinção, inclusive estima-se que tenha cerca de apenas 1.000 indivíduos na natureza (Ronald M. Nowak. Walker’s Mammals of the World. Sixth Ed.The J.H.University Press, 1999). Sua ocorrência em unidades de conservação encontra-se restrita apenas ao Parque Estadual Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio e na Estação Ecológica de Caetetus, em Gália (Livro Vermelho dos Mamíferos Brasileiros Ameaçados de Extinção.Fundação Biodiversitas. 1994, p.99; Paulo Auricchio. Primatas do Brasil.ed.Terras Brasilis,1995, p.86) Dessa forma, a sua constatação para uma nova unidade de conservação é muito importante para chamar a atenção de especialistas e instituições nacionais e
internacionais no sentido de conservar e dar condições de preservação esta raríssima e bela espécie. Aliás, está foi a finalidade precípua da expedição.
Em vista dos resultados obtidos o Programa Ambiental prevê a realização nas próximas semanas de novas expedições com o objetivo de documentar com fotos, imagens e sons o importantíssimo achado.
Participaram da expedição Antônio Silveira (pelo Programa Ambiental: A Última Arca de Noé), Antonio Cecílio Dias (responsável pela área) e Miguel Donizetti Morgado (funcionário da Estação Ecológica de Angatuba).
——–
(última atualização 22-10-2011)