Centinela: A morte silenciosa
ANTÔNIO SILVEIRA RIBEIRO DOS SANTOS
Juiz de direito em São Paulo. Criador do Programa Ambiental: A Última Arca de Noé (www.aultimaarcadenoe.com)
Segundo nos relata o famoso biólogo evolucionista Edward O. Wilson em seu livro Diversidade da Vida (ed.Companhia das Letras, 1994), em 1978 os botânicos A.Gentry e C. Dodson, do Jardim Botânico do Missouri, EUA, exploraram pela primeira vez o então desconhecido espinhaço denominado Centinela, que fica escondido nas vertentes dos Andes equatoriano e em suas floresta nebulosas descobriram cerca de noventa espécies vegetais endêmicas(que só ocorrem naquele lugar).
Em 1986, devido aos efeitos paralelos de uma estrada particular construída por fazendeiros da região do vale, suas florestas foram cortadas e Centinela estava completamente roçada. Com essa devastação extinguiram-se muitas espécies raras.
Assim como Centinela, milhares de locais naturais da Terra estão sendo drasticamente destruidos pela ação humana, ora para abrir locais para assentamentos de novos núcleos populacionais, ora para a exploração dos recursos naturais.
Devido a crescente pressão do desenvolvimento do civilização humana, os ambientalistas, biólogos etc estão procurando desesperadamente fórmulas que possam frear a degradação dos ecossistemas do Globo.
Nesta linha de preocupação encontra-se Norman Myers, o qual, conforme informa Wilson, identificou, em trabalhos que cita em seu livro, dezoito pontos críticos de grande diversidade biológica que estão sob ameaça extrema, os quais denominou de “hot spots” ou pontos críticos; são eles : Província florística da Califórnia; Chile central; Chóco colombiano; Oeste do Equador; Planaltos do Oeste da Amazônia; Costa Atlântica do Brasil; Sudoeste da Costa do Marfim; Florestas do leste da Tanzânia; Província florística do Cabo na África do Sul; Madagascar; vertentes do Himaláia; Ghat do Oeste da Índia; Sri Lanka; Malásia peninsular; noroeste de Bornéo; Filipinas; Nova Caledônia e sudoeste da Austrália.
Estas regiões devem merecer maior atenção dos governos e da coletividade, pois guardam enorme patrimônio natural com muitas espécies a serem conhecidas, assim como possuem um vasto patrimônio genético e farmacológico.
Vejam que a nossa Mata Atlântica está inclusa na lista das áreas mais importantes e ameaçadas do planeta, sendo essa constatação um enorme alerta para que passemos a tomar iniciativas concretas no sentido de preservá-la, sendo importante lembrar que a referida floresta esta elencada no art. 225, , da Constituição Federal como patrimônio natural, mas se não agirmos rapidamente este exuberante ecossistema terá o mesmo fim de Centinela: morrerá silenciosamente.
Obs.: Artigo já publicado em: A Tribuna (São Carlos/SP) – 28.12.97; JBA.Gr.Jornal.Ronaldo Côrtes-SP – 13.02.98 etc.